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Glaucoma: Prevenção é uma boa arma

da Revista Universo



Hoje é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, doença que ataca o nervo óptico e em seu estágio final pode causar a perda da visão. Por isso, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais. A data comemorativa foi idealizada pela Sociedade Brasileira de Glaucoma e tem como principal objetivo a divulgação de informações a respeito da doença.

De acordo com o médico oftalmologista bauruense e membro da Sociedade Brasileira de Glaucoma Fabiano Neves, o glaucoma é uma doença do nervo óptico que tem como seu principal causador o aumento na pressão dos olhos, enumerando como o principal obstáculo para o tratamento a falta de sintomas.

“Trata-se de uma neuropatia óptica crônica e progressiva onde o principal fator de risco é o aumento da pressão dos olhos. Infelizmente, nos primeiros estágios a doença é completamente indolor e não apresenta sintomas”, define o oftalmologista.

Sobre a melhor forma para identificar o glaucoma em seu estágio inicial, quando a doença pode ser tratada com maior facilidade, Neves afirma que a solução é o exame oftalmológico bem feito.

”O médico deve medir a pressão intraocular, realizar o exame do nervo óptico e fazer o teste de campo de visão. Se tiver alteração no campo visual, pressão alta e lesão no nervo óptico, você possui um quadro de glaucoma”, garante.

O oftalmologista destaca que, atualmente, a maioria das sociedades mundiais ligadas ao glaucoma divulga a importância da intervenção precoce. “Quando o indivíduo apresenta pressão alta nos olhos, mesmo que não haja indícios do aparecimento do glaucoma é aconselhado que se faça um tratamento efetivo do problema para evitar o aparecimento da doença no futuro”, ressalta Neves.

Para sustentar o embasamento da ação preventiva, ele faz uma analogia com outra doença. “Antigamente, uma vez que o paciente tinha pressão intraocular alta mas não apresentava alteração no campo visual, os médicos esperavam a doença progredir para entrar com o tratamento. Seria como se um indivíduo hipertenso fosse ao cardiologista e o médico optasse por aguardar o paciente ter um enfarte para começar a tratá-lo”, analisa.

“Quanto mais cedo houver a intervenção com o tratamento, melhor. Dessa maneira, os pacientes têm mais chances de não sofrerem com os sintomas do glaucoma, que em seu estágio final pode causar cegueira”, conclui Neves.

Grupos de risco

Diante da necessidade da constatação precoce da doença para seu tratamento mais efetivo, Neves ressalta a importância da população comparecer regularmente ao oftalmologista.

“O aconselhável é que a população passe por uma consulta ao oftalmologista ao menos uma vez por ano. Já as pessoas que pertencem aos grupos de risco devem comparecer ao médico de seis em seis meses”, frisa.

De acordo com o oftalmologista, as pessoas que constam em grupos de risco são aquelas que contam com casos de glaucoma registrados na família e quem já teve alguma intervenção oftalmológica.

“O principal fator de risco é a alta pressão dos olhos, mas outras pessoas devem permanecer atentas. Pacientes que têm parentes próximos com glaucoma possuem uma chance quase quatro vezes maior de ter a doença, pessoas com alta miopia, aqueles que já tiveram doença ocular e precisaram fazer uso de corticoides, indivíduos de raça negra, pessoas acima dos 40 anos e pacientes que passaram por cirurgia ocular”, enumera Neves.

Entretanto, o oftalmologista lembra que a falta de sintomas faz parte do quadro de uma única modalidade de glaucoma, que é mais encontrada entre os brasileiros.

“Estamos falando sobre o glaucoma crônico simples ou glaucoma de ângulo aberto, que não apresenta dor. Existe um segundo tipo, não muito comum entre nossa população, que é o glaucoma de ângulo fechado. Este último provoca crises com a manifestação de dor nos olhos. De uma hora para outra, o indivíduo entra em crise por constatar uma dor muito grande nos olhos”, diferencia Neves.

Segundo oftalmologista, número de pessoas afetadas deve crescer

Além da busca por diagnósticos cada vez mais precoces para facilitar o início do tratamento nos casos de glaucoma, o tratamento da doença apresentou grande evolução nos últimos anos. Entretanto, segundo o médico oftalmologista e membro da Sociedade Brasileira de Glaucoma Fabiano Neves, o número de pessoas que apresentam o quadro tende a crescer nos próximos anos.

Neves destaca que, atualmente, cerca de 60 milhões de pessoas possuem glaucoma no mundo, número que pode dobrar até 2020 devido ao envelhecimento da população, o que aumenta um dos fatores de risco da doença.

“Essa doença acomete 1% da população mundial, entretanto, a incidência aumenta com o passar dos anos. Entre pessoas com mais de 40 anos, o número sobre para algo entre 2% e 4%. Depois dos 60 anos, chega próximo aos 10%”, explica o médico.

Entretanto, o oftalmologista garante que o tratamento para casos de glaucoma teve grande evolução nos últimos anos.

“O que mudou foi a potência das drogas que possuímos para realizar os tratamentos. Até muito pouco tempo atrás, os pacientes precisavam fazer o uso de drogas que deveriam ser aplicadas durante três ou quatro vezes ao dia, o que complicava a tolerância e adesão ao tratamento. Hoje, contamos com medicamentos que precisam ser aplicados apenas uma vez ao dia. Além de uma aderência mais fácil ao tratamento, os medicamentos são mais potentes e apresentam melhores resultados”, afirma.

Neves credita ao avanço nos diagnósticos e tratamentos do glaucoma à redução dos encaminhamentos cirúrgicos. “Foi uma verdadeira revolução no tratamento do glaucoma, inclusive na indicação para cirurgia, que diminuiu muito em relação a antigamente.” Entretanto, ele pondera: “A grande barreira que ainda existe é em relação ao preço, pois são medicamentos de alto custo”.
Redação

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