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Uma pesquisa que indica o risco de epidemia HIV resistente á medicamentos não deve causar alarde

da Revista Universo

Sem pânico, Segundo opinião de especialistas ouvidos pela Revista Universo, a maioria das informações da pesquisa divulgada pela revista científica Science que aponta risco de uma epidemia de HIV resistente a medicamentos (saiba mais) já era conhecida. Os entrevistados disseram, ainda, que o estudo não deve servir de argumento para que o acesso a remédios antiaids deixe de ser ampliado.

“A única novidade da pesquisa é a quantificação do risco por meio de um cálculo matemático. Mesmo assim, é muito especulativa. Sempre que um paciente é tratado com medicamento existe a possibilidade de resistência”, disse o coordenador-adjunto do Programa Estadual DST/Aids de São Paulo e principal pesquisador da Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids (CRT) do estado, Artur Kalichman.

Para Artur, as questões mais importantes que o artigo traz são as reflexões sobre a prevenção e o tratamento das pessoas com aids. “É preciso melhorar a qualidade do acompanhamento e as estratégias de prevenção para as pessoas que já têm o vírus”, declarou, explicando que essas são maneiras de diminuir a transmissão de vírus resistentes. O coordenador-adjunto do Programa Estadual também foi enfático: “a pesquisa não pode servir de argumento para que o acesso aos antiretrovirais deixe de ser ampliado”.

Já o médico e assessor de projetos da Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), Juan Raxach, avaliou que o que existe por trás do tema de vírus resistentes é o mercado de medicamentos. “A maioria dos novos antiretrovirais já atua contra cepas resistentes, e claro, são mais caros e protegidos por patentes. A epidemia da aids está ligada a contextos econômicos, políticos e sociais.”

No Brasil, de acordo com Juan, os números de resistência primária são baixos. “Vejo o resultado do estudo de forma mais preocupante para os países pobres, como os africanos, em que o acesso a medicamentos é difícil e existe a combinação de remédios mais baratos, que não são de primeira linha.”

O ativista defende, ainda, a individualização do tratamento. “Isso porque o HIV atua de diferentes maneiras em cada organismo. Não temos a cultura de acompanhar o assintomático. Às vezes não temos nem o atendimento de emergência, quanto mais para pessoas que tem o HIV e ainda não desenvolveram a aids.”
Redação

Redação

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