colaboração para a Revista Universo
Um acidente durante a queima de fogos da virada do ano deixou cerca de 40 pessoas feridas no município de Salinas da Margarida, que fica a 270 km de Salvador. De acordo com relato de testemunhas, um dos rojões desviou e foi parar na direção das aproximadamente duas mil pessoas que estavam no evento.
“Foi um susto grande, saiu uma bola de fogo em direção à multidão e explodiu, parecia uma guerra, todo mundo saiu correndo, tinha muito sangue e muitos feridos”, conta a comerciante Graça Andrade, que não foi atingida pelo fogo, mas acompanhava o sobrinho de 7 anos e o pai da criança, Edenilton José Galiza Filho, 39 anos.
Algumas vítimas foram atendidas no Hospital de Salinas da Margarida e na Unidade de Queimados do Hospital de Cruz das Almas, onde dez pacientes foram internados. Os casos mais graves foram encaminhados para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, onde foi registrada a entrada de 13 pessoas com idades entre 4 e 61 anos. Uma criança de 5 anos foi levada para o Hospital Jorge Valente, também na capital.
Graça Andrade e Josemário Lima: no HGE à procura de
informações sobre parentes
De acordo com o diretor-geral do HGE, André Luciano, todas as vítimas têm, pelo menos, 30% do corpo queimado. “Já fizemos os procedimentos necessários e nas próximas 72 horas é difícil haver uma progressão nos casos. Vamos aguardar, mas a situação é grave”, avalia.
Queixas - Na manhã desta sexta-feira, 1º, familiares das vítimas esperavam ansiosos notícias dos parentes no HGE. Alguns deles falaram da falta de atendimento no hospital da cidade de Cruz das Almas, que possui Unidade de Tratamento de Queimados, mas não teria dado suporte aos pacientes.
“Passamos em Santo Antônio e informaram que lá não tinha condições de atendimento. Em Cruz das Almas, o médico se negou a atender, um absurdo. Só aqui em Salvador que conseguimos”, conta a comerciante Graça Andrade.
Entretanto, o médico Fábio Luiz de Oliveira – que estava no hospital de Cruz das Almas quando as vítimas chegaram – retrucou a acusação. “Havia apenas dois médicos e cerca de 20 pessoas para atender. Realizamos o primeiro atendimento e encaminhamos os casos mais graves, que precisariam da avaliação de um cirurgião plástico, para o HGE porque não contamos com esse profissional no hospital”, relata.
Segundo ele, das 10 pessoas que precisaram ficar internadas em Cruz das Almas duas já receberam alta. As outras estão em observação, sem gravidade.
O empresário gráfico, Josemário Lima, 47, reclamou da falta de comunicação entre a Prefeitura de Salinas e a administração do ferryboat, já que alega ter havido atraso para travessia de ambulâncias para a capital. Seu filho, Lauro Niela de Lima, 17, teve o rosto, braço e antebraço queimados. “Percebemos que faltou assistência da Prefeitura de Salinas, não entraram em contato com o ferry nem com o hospital de Cruz das Almas”, declarou enquanto aguardava notícias de seu filho, na manhã desta sexta.
Prefeito - De acordo com o prefeito de Salinas da Margarida, Wilson Ribeiro Pedreira, todas as providências foram adotadas de forma imediata, a exemplo da transferência dos casos mais graves para os hospitais de referência, por meio de UTI móvel e ambulâncias do município, além de ambulâncias de cidades vizinhas.
“Estamos acompanhando a evolução dos quadros clínicos e nos colocamos à disposição dos familiares para o que for necessário”, diz o prefeito, segundo o qual o local da queima dos fogos foi o mesmo utilizado nos últimos 13 anos. “O local é apontado como o mais seguro pelas empresas responsáveis pelo evento. Até este ano, nunca registramos qualquer incidente”.
O prefeito de Salinas da Margarida garantiu que um processo administrativo será aberto para apurar a responsabilidade da empresa executora do show pirotécnico.
Colaborou: Danile Rebouças
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