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Á Insônia

da Revista Universo

Noites mal dormidas jamais devem ser subestimadas ou atribuídas ao estresse causado pela rotina. A insônia, mesmo não sendo frequente, pode ser o alerta vermelho para a depressão e a ansiedade. Falta de sono também pode resultar em obesidade e risco aumentado para doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto e doenças das coronárias. Além disso, mulheres na menopausa sofrem mais com o problema.




Sinal vermelho para as mulheres
De acordo com o neurologista e neurofisiologista Flavio Alóe, médico assistente do Centro Interdepartamental para os Estudos do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o contingente de mulheres atingidas pela insônia é até três vezes mais do que o de homens. As causa disso: as múltiplas funções desempenhadas por elas na sociedade. “Em todas as faixas etárias, elas sofrem mais de depressão e ansiedade, fatores de risco para a insônia. Estas são manifestações da mesma doença”, afirma o especialista.

A publicitária Carla Aguiar, 31 anos, diz que sofre de insônia sempre que precisa entregar um projeto. “Minha cabeça simplesmente não para e na hora de dormir fico relembrando todos os detalhes do trabalho e o que não posso esquecer. Minha vida vira um inferno, não consigo fazer mais nada direito. Um dia, estava tão absorta em meus pensamentos que entrei na contra mão e quase sofri um acidente, tamanho foi meu estresse e confusão mental”.

A predisposição feminina para a insônia, entretanto, não é causada somente pelo estresse da tripla jornada (trabalho, família e casa). Genética e os hormônios têm papéis cruciais no problema. A ginecologista Helena Hachul, responsável pelo ambulatório de distúrbios do sono na UNIFESP, ressalta os reflexos negativos das variações hormonais e a tensão pré- menstrual. “Mesmo durante o ciclo menstrual, há variações no sono: tanto na quantidade quanto na qualidade. A insônia acomete cerca de 30% das mulheres e na menopausa este número chega a dobrar”.

A ginecologista diz que muitas mulheres esperam que o problema se resolva com a chegada da menopausa, pois é uma fase em que teoricamente a variação hormonal seria menor. “Ao contrário, piora muito. Aumenta a incidência de insônia, ronco e apnéia. A insônia afeta cerca de 60% das mulheres na pós-menopausa”, diz a especialista.

A professora aposentada Tânia Machado, 61, diz que ficou mais ansiosa com a chegada da menopausa. Desde então, tem passado muitas noites em claro. “Fico muito ansiosa por qualquer motivo. Longe das aulas, direciono toda a atenção para meus filhos que moram em outras cidades. Eles reclamam, dizem que sou exagerada, mas fico sempre imaginando que eles podem estar precisando de mim” diz.

Diferentes graus de insônia
Flavio Alóe explica que as mulheres não consideram a insônia uma doença a ser tratada e deixam de relatá-la nas consultas ao médico. “Dormir mal à noite resulta em déficit durante o dia. Os afetados se queixam de cansaço, alteração de memória e mau funcionamento do raciocínio” explica.

Helena Hachul acrescenta que a insônia também pode ser consequência da higiene inadequada do sono ou decorrente do uso de algumas medicações. “Há também insônia associada a distúrbios respiratórios do sono”, explica a ginecologista.

A insônia aguda é configurada após quatro semanas de noites mal dormidas. Após esse prazo, a doença é considerada crônica. Este estágio é o que atinge a maioria dos pacientes que acabam procurando o neurologista. “Estas pessoas consomem mais remédios, faltam mais ao trabalho, e têm relações interpessoais mais pobres com amigos e familiares. Outro problema comum é o abuso de álcool. Existe a falsa ideia de que tomar bebidas alcoólicas torna as noites de sono menos atribuladas”, diz Aloé.

Tratar e prevenir
Quando a insônia se torna crônica, só resta recorrer aos tratamentos de longo prazo e ao uso de medicação. Aliado a isto, é importante melhorar os hábitos de vida: adotar uma dieta mais saudável e praticar atividades físicas. “A mulher não deve achar que a insônia faz parte da vida. É um sintoma de que algo não está bem adaptado”, alerta Aloé. Ter horário fixo para dormir e evitar alimentos excitantes como café, chá, chocolate e álcool é outra dica importante. “Em alguns casos, exercício físico e sexo perto da hora de dormir também devem ser evitados”.

Quem precisa tratar o problema com o uso de medicamentos para dormir deve ter cuidado. Os efeitos colaterais dos medicamentos usados para combater a insônia são muito parecidos com os do antidepressivo. As reclamações mais comuns das pacientes são boca seca, retardo do orgasmo e alteração da libido. É importante lembrar que o tratamento deve ser feito com a orientação de um médico experiente e especializado. “A alegria causada por um medicamento hoje, pode ser a dependência dele para dormir amanhã”, frisa o especialista.

Dicas para dormir melhor
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Tente dormir sempre no mesmo horário
- Só vá para a cama quando estiver com sono
- O quarto deve ser um ambiente escuro, silencioso e com temperatura agradável
- Não fique olhando para o relógio
- Evite “tentar dormir”, isso agrava a ansiedade
- Não assista à televisão na cama
- Não deite com fome ou sede
- Evite refeições pesadas à noite
- Não faça exercícios físicos antes de dormir
- Passe longe de alimentos ou bebidas com cafeína e álcool

Causas da insônia na menopausa
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Ondas de calor
- Alterações de humor
- Mudanças sociais (os filhos saindo de casa, aposentadoria, etc.)
- Redução hormonal (perda de estrogênio e progesterona)

Os tratamentos
- Boa qualidade de vida, com alimentação saudável e exercícios
- Medicamentos ansiolíticos, antidepressivos ou indutores do sono (sempre com acompanhamento médico)
- Apoio e acompanhamento psicológico
- Técnicas de relaxamento como ioga, meditação e massagem
- Reposição hormonal (na fase de climatério) caso necessário

Redação

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