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A Neurologia e a Esquizofrenia

da REVISTA UNIVERSO

ESQUIZOFRENIA:

Uma Outra Face

A Neurologia vem se tornando presente em pesquisa psiquiatrica. Estudo de célular do Sistema nervoso, suas interações e organização e mais estão revelando detalhes novos e excitantes sobre as causas subjacentes e mecanismos da esquizofrenia. O Médico neurologista, Dr.Joshua Roffman, está pesquisando ativamente nesse campo. Dr.Joshua Roffman faz parte do corpo docente do Massachusetts General Hospital Schizophrenia and Psychiatric Neuroimaging Programs e é professor adjunto de psiquiatria na Harvard Medical School. Ele também atua no comitê editorial da Harvard Review of Psychiatry. Pippa Wysong do Medscape conversou com Dr. Roffman sobre o que é neurobiologia e o que ela pode oferecer ao campo e prática da psiquiatria.



Dr.Joshua Roffman, médico Neurologista.


Definição da Neurologia


Dr.Joshua Roffman - Neurobiólogos estudam a estrutura e função do sistema nervoso, incluindo o cérebro. Em psiquiatria, nós usamos RNM ressonância magnética e outras técnicas de neuroimagem para observar como o cérebro é reunido anatomicamente e a forma como ele trabalha quando está desempenhando certas tarefas. Pesquisadores clínicos de neurobiologia podem também observar a atividade elétrica dos neurônicos usando tecnologias como eletroencefalograma e magneto-encefalografia (MEG - magneto-encephalography). Alguns neurobiólogos usam sondas para observar como os neurônios e outras células de suporte trabalham a nível de proteínas e mesmo a nível do DNA. Os pesquisadores também usam modelos animais e estudam tecido cerebral post-mortem doados. Em suma, neurobiologia é o estudo de como todas essas coisas funcionam em conjunto para influenciar o modo como o cérebro trabalha tanto em pessoas saudáveis quanto em pacientes com transtornos neurológicos e psiquiátricos.


Os desafios principais da Esquizofrenia


Dr.Joshua Roffman - A esquizofrenia é complexa. Embora as manifestações clínicas da esquizofrenia sejam muito dramáticas, mudanças no próprio cérebro são, na verdade, muito súbitas. Um desfaio é entender quais são essas mudanças súbitas e como elas se traduzem em sintomas.


A maioria das pesquisas em neurobiologia está concentrada na genética. Você poderia falar um pouco sobre isso?


Dr.Joshua Roffman - Aproximadamente 80% do risco de alguém desenvolver esquizofrenia têm a ver com a composição genética. Ainda assim, é um desafio encontrar genes específicos que estão envolvidos no transtorno, pois é improvável que um ou dois genes que provocarão a doença na maioria dos casos. Se este fosse o caso, nós já teríamos encontrado eles.


Poderia haver combinações diferentes dos genes em pessoas diferentes levando a doença, certo?


Dr. Roffman: Certo. Cada gene por si só tem um efeito muito pequeno. Recentemente, foram encontradas mutações raras que são menos súbitas e que, em alguns casos, podem ser responsáveis mais diretamente pela doença. Até o momento, esses tipos de mutações (chamadas de variação do número de cópias) parecem causar os transtornos em um número relativamente pequeno de pacientes.


Para a maioria dos genes de esquizofrenia, a razão pela qual esses efeitos são tão pequenos é porque o que você está medindo são problemas clínicos – mas de um ponto de vista biológico esses problemas ocorrem bem depois do nível genético. Muitos pesquisadores estão trabalhando em formas de amplificar esses sinais genéticos.


Como você vê o que os genes estão fazendo?


Dr. Roffman: O gene se codifica para formar proteínas, proteínas se organizam em células, e células em redes neuronais. Existem muitos processos que acontecem entre o gene e o que nós vemos clinicamente.


Para realmente entender o que está acontecendo, nós usamos os exames de imagem cerebral, que permite a mensuração dos efeitos do gene diretamente a nível da estrutura e função cerebrais. Este tipo de pesquisa mostra que muitos genes envolvidos no que tem sido suspeitado como processos bioquímicos importantes na esquizofrenia, afetam a atividade cerebral.


Existem muitos genes candidatos?


Dr. Roffman: Várias dúzias de genes estão sendo estudadas. Novos genes também estão sendo descobertos usando estudos com o genoma, que usa um método de alto rendimento para capturar a maioria das variações genéticas no individuo.


Os estudos genômicos ajudam a identificar genes específicos que ocorrem mais frequentemente em pacientes com esquizofrenia do que em indivíduos saudáveis.


Se 80% do risco individual tem a ver com os genes, isso significa que 20% dos casos são esporádicos?


Dr. Roffman: Este, provavelmente não é o caso que 20% dos pacientes com esquizofrenia têm desenvolvimento de casos esporádicos e não genéticos do transtorno. É mais provável em um mesmo indivíduo, 80% das chances dele tem a ver com fatores genéticos e 20% têm a ver com fatores não genéticos.


Quanto aos achados recentes de que a prole de homens mais velhos que cuidam de crianças tem um risco maior de esquizofrenia? Isto é herdado ou ambiental?


Dr. Roffman: Boa pergunta, e este é um achado importante. Nós não sabemos. Poderia ser algo relacionado aos fatores ambientais, ou talvez quanto estável o DNA em células espermáticas em homens mais velhos versus homens mais jovens. Estudos como esse abrem novas avenidas para explorar.


Você mencionou estudar a atividade elétrica dos neurônios. O que há de novo nisso?


Dr. Roffman: Existem várias formas diferentes de observar a atividade elétrica cerebral. Um método novo é o MED, que fornece uma forma precisa de observar uma atividade elétrica no córtex. Ele pode medir como a atividade muda de milissegundo a milissegundo. Medidas como RNM funcional e tomografia por emissão de pósitron, que têm boa resolução espacial, não tem o grau de resolução temporal que o MEG tem.


Na pesquisa neurobiológica da esquizofrenia, o que é usado na prática?


Dr. Roffman: Algumas pesquisas se se tornaram úteis para a farmacologia. Por exemplo, os novos antipsicóticos surgiram nos anos noventa e emergiram de pesquisa básica e em animais que observaram a química cerebral na esquizofrenia. Esta pesquisa gerou novas drogas com mecanismos de ação diferentes.


Quais são situações futuras onde tudo isto pode afetar a prática?


Dr. Roffman: Como a pesquisa genética da esquizofrenia realmente deslanchou, os custos da genotipagem caíram muito. É muito fácil imaginar que alguns pacientes chegariam e, como parte da avaliação da esquizofrenia, um simples teste sanguíneo ou de saliva seria realizado.


Nós pesquisaríamos todo o genoma buscando a presença de genes relacionados a esquizofrenia. Nós usaríamos, então, esta informação para confirmar o diagnóstico, ajudar a subtipar a doença e, mais importante, saber de antemão se alguém tem probabilidade de responder a um tratamento específico.


Por exemplo, há alguns anos atrás vários estudos mostraram que pacientes com certas versões do gene COMT são propensos a responder à olanzapina. Entretanto, os testes genéticos não são usados rotineiramente na esquizofrenia.


Enquanto a neurobiologia parece muito mecanicista, abordagens tradicionais para o tratamento não desaparecerão, certo?


Dr. Roffman: Não. Outras formas de tratamento como psicoterapia podem se complementar aos tratamentos voltados para a neurobiologia, e pode ajudar os pacientes a lidar com os sintomas da esquizofrenia. Entretanto, diferentemente da depressão ou ansiedade, a psicoterapia não pode eliminar os sintomas da esquizofrenia.


Você teria alguma mensagem geral para médicos sobre a neurobiologia na esquizofrenia?


Dr. Roffman: É um momento excitante na pesquisa da esquizofrenia. Eu acredito que a genética da esquizofrenia, em particular, é um alvo sedutor que se move rápido. Assim como em outras áreas da medicina, nós esperamos que nos próximos anos, tenhamos uma ideia muito melhor de como variações genéticas particulares contribuem para a doença.


O ritmo da pesquisa genética acelerou ao ponto de que agora é possível observar todas as variantes genéticas em um individuo rapidamente e de forma barata. Nós esperamos que isto se traduza em progresso clinica da esquizofrenia.




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Redação

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