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Uma pesquisa quer traçar o perfil psicológico dos Brasileiros

da Revista Universo

Depois de dois anos e meio de trabalho, um grupo de psiquiatras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) está lançando um questionário online que permitirá a cada participante conhecer mais sobre seu temperamento, sua personalidade e o risco de desenvolver transtornos psiquiátricos.



O estudo está centrado no site www.temperamento.com.br. Voluntários com mais de 18 anos são convidados a participar da pesquisa. Até o momento, 2 mil pessoas já responderam o questionário, avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital São Lucas.

De acordo com o psiquiatra Diogo Lara, professor das faculdades de Biociências e Medicina e coordenador do Grupo de Pesquisa Temperamento e Transtornos Mentais da PUCRS, o objetivo é relacionar o temperamento com a história pessoal, traços psicológicos e transtornos psiquiátricos.

''Vamos começar a analisar os dados a partir de 10 mil participantes e, de março em diante, devemos gerar um artigo científico por mês. Alguns dados mais complexos, porém, só poderão ser analisados quando a amostra chegar aos 50 mil'', afirma Lara.

Além de identificar os transtornos mais comuns, os especialistas poderão analisar dados secundários, como o perfil psicológico de homens e mulheres que já fizeram cirurgia plástica estética, fumantes e não fumantes, viciados em chocolate, café ou videogame. Outra possibilidade é verificar se pessoas mais calmas respondem melhor ao tratamento com antidepressivos, por exemplo.

São centenas de perguntas pessoais, divididas em três fases. As questões abrangem o passado e o dia a dia dos participantes, estilo, comportamentos específicos diante de algumas situações e hábitos de saúde, entre outras abordagens.

Ao final de cada fase, o respondente receberá por e-mail um relatório descrevendo o seu temperamento (fase 1), a probabilidade de ter transtornos psiquiátricos (fase 2) e características de personalidade (fase 3). A participação é anônima, mas é preciso informar um e-mail para receber a senha de acesso. Os dados individuais não serão divulgados sob hipótese alguma.

Apesar do resultado individualizado, os participantes não devem encará-lo como definitivo:

''Nada substitui uma avaliação de psiquiatras ou psicólogos para dar um diagnóstico. O questionário serve como triagem, um indicativo de possíveis problemas que devem ser confirmados ou não pelo especialista'', explica a psiquiatra Miriam Brunstein, pesquisadora colaboradora do estudo.

Se na pesquisa da PUCRS foram elaborados mecanismos para comparar possíveis respostas discordantes e aumentar a eficácia do estudo, nos consultórios médicos, onde a relação psiquiatra-paciente é frente a frente, a estratégia utilizada para se chegar ao diagnóstico preciso atende pelo nome de ambiente terapêutico. A ideia é construir uma relação de confiança, profissionalismo e neutralidade. Quando esse cenário se forma, o paciente se sente mais à vontade para expressar aquilo que está sentindo, vivendo ou sofrendo. Mas, para chegar até aí, é preciso muito esforço e diálogo entre as duas partes, como explica o psicanalista e psiquiatra Paulo Oscar Teitelbaum, da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

''O médico precisa acolher bem o paciente, desvencilhar-se dos preconceitos e nunca julgar a pessoa que está a sua frente. É uma relação que deve ser construída com o tempo. Mesmo que o paciente, racionalmente, saiba que precisa se abrir para o médico, a parte emocional também precisa se convencer dessa necessidade. Isso demanda muito trabalho em conjunto'', afirma Teitelbaum.

Segundo o médico, a relação deve partir da premissa da cooperação – ambos estão juntos para buscar a solução de um problema de saúde.

''Não se pode tomar a mentira como base na relação. A confiança deve estar presente desde o início. Se houver mentira, haverá problemas sérios mais para frente'', diz.

Porém, há casos especiais, em que o médico deve ficar alerta. Muitas vezes, o paciente busca ajuda voluntariamente, mas depois distorce a situação real. Casos assim são comuns com dependentes químicos. De acordo com o psiquiatra Carlos Salgado, presidente da Associação de Estudo de Álcool e outras Drogas, os dependentes apresentam o que os médicos chamam de verdade plástica. Eles alteram a realidade sem se dar conta, acreditando que falam a verdade.

Para minimizar o problema, os médicos lançam mão de uma estratégia simples: colocar um observador (normalmente familiar) para rever a versão do paciente. Em geral, o paciente vai ao médico com o observador. Porém, toda a intervenção do acompanhante deve ser feita com calma e tranquilidade, sem criar um clima de discordância e tensão no consultório.

''Não se pode confrontar a versão de um paciente com agressividade. Se fizermos isso, ele vai acabar deixando o tratamento. A ideia é que o observador revise a história, deixando o médico mais ciente da realidade. A partir daí, o tratamento pode ser elaborado e executado de uma maneira melhor'', conta Salgado.

Como responder à pesquisa

1 – Acesse o site www.temperamento.com.br e clique no link localizado abaixo da frase "Para fazer parte do estudo".

2 – No menu à esquerda, clique em "Criar cadastro".

3 – Leia o termo de consentimento e pressione "Aceito".

4 – Para complementar o cadastro, informe um endereço de correio eletrônico. Ao começar a responder, você receberá uma senha por e-mail. Isso permitirá interromper o teste e retomá-lo mais tarde ou outro dia.

5 – Para retornar em outro momento, volte ao site e clique em "Logar" no menu à esquerda. É preciso informar e-mail e senha.

PRESTE ATENÇÃO

:: A partir do momento em que fizer o cadastro, você tem uma semana para concluir o teste. Se preencher sem interrupções, o tempo despendido pode chegar a três horas.

:: Não demore muito em cada pergunta. Se você ficar tempo demais respondendo as questões de uma mesma página, ela pode expirar e obrigá-lo a repeti-las para continuar.

:: Não existem respostas certas ou erradas. Os especialistas recomendam que você responda como é ou foi determinada situação, e não como gostaria que tivesse sido.

DICA BÁSICA
:: De preferência, faça o teste sozinho e em um local tranquilo. É a forma de se sentir mais à vontade e responder com sinceridade algumas perguntas mais íntimas. Se desejar interromper o teste, não é necessário dar nenhuma explicação.

:: Os dados informados são sigilosos. Os pesquisadores não usarão as informações isoladamente. Apenas o e-mail do participante é informado. Nem mesmo os cientistas saberão a qual endereço eletrônico estão vinculadas as respostas.

:: Não são questionados dados como nome, endereço, cidade ou profissão.
Redação

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