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Consumidores vão gastar menos com ceia de natal este ano

da Revista Universo

Com os preços dos produtos mais convidativos, a ceia de Natal será mais farta neste ano. Ao contrário de 2008, quando a crise mundial elevou a cotação do dólar e encareceu os itens importados, como o azeite e o bacalhau, a queda acumulada no preço das carnes em 2009 deve impulsionar a economia do consumidor.

Pesquisa divulgada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelou que a inflação dos alimentos natalinos entre dezembro de 2008 e novembro de 2009 foi a menor dos últimos dois anos. Segundo o economista da entidade André Braz, a redução no preço da ceia deve ser de 2% a 3% em relação ao Natal passado.

"O ponto central da cesta de Natal são as carnes. Desprezando aquelas que só têm demanda para o Natal, como o peru, as demais carnes, como frango convencional, bacalhau, lombo e pernil, estão bem mais baratas do que em 2008. O preço do bacalhau, por exemplo, caiu 17% com a ajuda do câmbio", explica.

De janeiro até o dia 16 de dezembro, a moeda americana já acumula desvalorização de 25% em relação ao real. Isso favoreceu uma desaceleração no preço dos produtos cotados em dólar. Mas além da questão cambial, Braz afirma que outro fator foi determinante para que a ceia deste ano pesasse menos no bolso do consumidor.

"A crise financeira desestimulou as exportações e os produtos que seriam vendidos para o exterior abasteceram o mercado interno. Isso ocorreu ao longo deste ano com as carnes e com o arroz (-16,84% na pesquisa da FGV), por exemplo. Com mais produtos no mercado, criou-se um ambiente de redução de preços. O consumidor vai colher o benefício desse processo agora no Natal", esclarece o economista.

Grande ABC - O consumidor da região também sentirá o efeito positivo no bolso. De acordo com o assistente de coordenação do IPC-USCS (Índice de Preços ao Consumidor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Lúcio Flávio Dantas, as carnes também estão mais baratas nos supermercados e feiras do Grande ABC.

Segundo ele, a tendência de baixa dos alimentos mais consumidos nessa época do ano não é recente. "A tendência de queda não acontece nesse instante, já vem de três meses pra cá. O consumidor mais antenado não vai perceber nenhuma mudança, só aquele que busca os produtos apenas nesse período", diz.

De acordo com um levantamento realizado por Dantas a pedido do Diário Online, com base nos preços coletados pelo IPC-USCS entre janeiro e novembro deste ano, o preço do bacalhau acumula queda de 12,43%. No mesmo período de 2008, havia alta de 6,87%.

Na mesma base de comparação, o pernil e o lombo suínos registraram deflação de 12,45% e de 6,20%, contra acréscimos de 13,06% e 12,02% em 2008, respectivamente. Os preços da azeitona e do azeite também deram trégua este ano: na ordem, houve queda de 15,63% e de 0,43% este ano, contra acelerações de 1,57% e de 0,95% em 2008.

Em relação às frutas, com exceção da pêra (que recuou 9,55% este ano, contra alta de 1,46% em 2008), todas as demais analisadas pela entidade apresentaram alta no acumulado deste ano. Segundo o pesquisador do IPC-USCS, isso ocorreu devido a comportamentos específicos de cada uma delas.

"No caso da uva (alta de 27,97% em 2009, contra inflação de 11,11% no ano passado), por exemplo, a alta ocorreu porque a produção foi mais voltada à indústria nos últimos dois anos. A quantidade da fruta disponível para o consumidor diminuiu e o preço aumentou. Já o preço do mamão (9,94% este ano, contra 25,11% em 2008) subiu por conta das chuvas", explica Dantas.

Efeito contrário

Apesar de acumularem deflação ao longo deste ano, alguns produtos que compõem a ceia poderão ficar mais caros às vésperas do Natal por conta da maior procura.

"Existe uma tendência de elevação por conta de uma possibilidade de maior demanda. Mas aí também entra o fator concorrencial: quanto mais diluído for o mercado, maior chance de o consumidor gastar menos. E também depende de cada pessoa, algumas estão mais dispostas a pesquisar, enquanto outras acham mais prático comprar tudo num local só", esclarece o pesquisador do IPC-USCS.
Redação

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